
Desenvolvedoras: Compile Heart, Idea Factory, Felistella
Produtora: Idea Software
Data de lançamento: 26 de Agosto de 2014
Versão testada: Playstation Vita
Reviewer: Gabriel Quirino
Hiper Dimension: Neptunia ReBirth 1
Hyperdimension Neptunia ReBirth 1 é o primeiro título da trilogia de remakes da série de JRPGs Hyperdimension Neptunia. O game ganhou destaque no Japão principalmente por causa de seu senso de humor: quebras da quarta parede, fan-service, referências, cutucadas na indústria e nos fãs... A série construiu uma boa base de fãs e praticamente todos os seus games (incluindo spin-offs) viram a luz no ocidente.
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Um breve histórico da série antes de iniciarmos o review. Originalmente, Hyperdimension Neptunia foi lançado exclusivamente para PS3 no Japão em 2010, publicado na América em 2011 pela NIS America. O game não foi muito bem recebido fora do Japão. Segundo os reviews da época, possuía uma trilha sonora desagradável, combate simples e sem-graça, e recebeu duras críticas em relação ao elenco (praticamente só há mulheres, e todas um tanto... Sabe como é, né?). Entretanto, dois pontos em comum que tanto o ocidente quanto o oriente gostaram foram o humor do título, com os elementos citados no parágrafo anterior, e a grande paródia que é a história.
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A produtora Compile Heart abraçou as críticas e o título seguinte, Hyperdimension Neptunia mk 2, lançado um ano depois no Japão, arrumou quase tudo isso: o combate recebeu uma divertida nova mecânica, o jogo teve um aumento significativo em sua dificuldade e a trilha sonora subiu de nível. Essas melhoras ditaram as tendências dos títulos seguintes, e é a partir delas que ReBirth 1 foi concebido.
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Bom, chega de histórico e vamos ao game.O mundo de Gamindustri possui quatro regiões, cada uma delas sendo protegida por sua respectiva deusa (aqui chamada de CPU: Console Patron Unit), sendo elas: Planeptune, da CPU Purple Heart (a protagonista); Lastation, de Black Heart; Lowee, protegida por White Heart; Leanbox, vigiada por Green Heart. As CPUs estão em conflito desde que nasceram numa guerra chamada “Console War”, que decidirá qual delas terá completo controle de Gamindustri.
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Certo dia, durante mais uma de suas acirradas lutas, uma voz estranha interrompe o combate entre as deusas e dá a “dica” para as CPUs se unirem contra Purple Heart, para facilitar a guerra. Atacada por três de uma vez, Purple Heart não tem chance alguma e é derrotada. Ela acorda algum tempo depois, na casa da aspirante a enfermeira Compa, e lembra-se somente de seu nome: Neptune. Compa se dispõe a ajudar a desmemoriada desconhecida e assim começa sua jornada para recuperar suas lembranças.
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Você deve estar se perguntando: “Mas como essa Compa não percebeu que Neptune era uma CPU?” a resposta é bem simples. Todas as CPUs possuem duas formas: a HDD, que é sua forma de batalha, onde seus poderes estão no máximo (e elas ficam, digamos, mais “encorpadas” também), e sua forma humana.
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Não é preciso ser nenhum expert em jogos para perceber o nível das referências até aqui. O cenário é uma paródia completa da “guerra dos consoles” da vida real, onde competem a Sony e seu Playstation (representado por Black Heart e Lastation), Nintendo e seu Wii (White Heart e Lowee), Microsoft e o Xbox (Green Heart e Leanbox) e, por fim, a Sega e seu cancelado console Sega Neptune (Purple Heart e Planeptune). A história não é nada espetacular nem revolucionária e muito menos deve ser levada a sério, mas é muito divertida de se acompanhar.
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A progressão da história se dá com o estilo de Visual Novel. Há um mapa-múndi por onde o jogador pode navegar para escolher sua próxima parada. No mapa, podemos escolher ir para uma dungeon ou entrar em uma cidade. Na verdade, não “entramos” na cidade, mas sim, abrimos um menu onde há diversas opções e todas são iguais para as quatro metrópoles: Shop (para comprar itens), Guild (para aceitar quests), Disc Dev, Information, Museum e, mais adiante no game, CPU Blog.
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Disc Dev serve para criar discos que dão vantagens às personagens, que vão desde XP e dinheiro extra por batalha até dano reduzido contra determinado tipo de monstro. Os discos são criados com Idea Chips, encontrados pelas dungeons.
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O Information é onde se pode ver comentários alguns habitantes da cidade, que variam de local para local. Os comentários podem variar de coisas aleatórias e piadas até a obtenção de itens. Os comentários também são espalhados pelo mapa.
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Personagens aqui não faltam, e para quem gosta de JRPGs mais modernos e animes, são muito boas. Tem estereótipo para todo mundo, não se preocupem. Porém, o grande destaque neste tópico vai para a protagonista: Neptune. A menina é a proposta do jogo levada ao pé da letra: ela quebra com frequência a quarta parede, fazendo comparações e piadinhas com jogos da vida real, realçando frequentemente que é “apenas um jogo” e não te deixando esquecer que ela é a protagonista. São suas decisões infundadas, comentários aleatórios e amor pelos amigos que movem a história do game, e de fato, concordando com ela própria, o jogo seria muito chato sem a Nep-Nep.
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O sistema de combate do jogo é basicamente um RPG de turnos, mas com pitadas de RPG de ação. Durante seu turno, a personagem pode mover-se livremente dentro de uma determinada área, podendo posicionar-se onde bem entender para executar suas ações, contanto que a ação alcance o inimigo desejado. Ao posicionar-se, há oito possibilidades, uma para cada botão, na ordem: triangulo, quadrado, X e círculo, tendo as opções trocadas ao pressionar R. São elas: usar habilidades (SP Skills); executar um especial (chamado de EXE Drive) quando pelo menos uma barrinha estiver cheia; ataque básico (explicado melhor adiante); defender; transformar-se (caso a personagem seja uma CPU); trocar para a personagem da retaguarda; fugir.
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O ataque básico, ao pressionar X para inicia-lo, possui três ramificações, que variam de acordo com o botão pressionado: no quadrado, são executados ataques mais fortes, focados em tirar mais vida do inimigo; com triângulo, são ataques mais rápidos, focados em quantidade de acertos; no X, ataques que visam quebrar a defesa do inimigo, representada pela barra de “Guard Points” abaixo do HP. Cada ramificação possui três golpes configurados pelo jogador. Esses ataques podem ser intercalados, ou seja, é possível combinar ataques das ramificações durante um combo.
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Lembrando os RPGs mais antigos, a party aqui é composta de três personagens na linha de frente. Porém, podem ser configurados mais três para ficar na retaguarda de cada titular, num sistema chamado “Lily System”. O Lily funciona da seguinte maneira: colocando uma personagem na retaguarda de outra faz com que o nível de afeição entre elas aumente (daí o nome do sistema, “if you know what I mean...”) e a medida que a afeição vai aumentando habilidades exclusivas para ambas as meninas são liberadas, e só podem ser usadas quando o “casal” está formado. As personagens da frente e retaguarda podem ser trocadas em qualquer turno durante a batalha.
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O jogo possui uma barra chamada EXE Drive para as personagens executarem seus especiais. A barrinha começa com apenas um gomo e vai aumentando conforme a história avança, chegando ao máximo de quatro. Os ataques EXE Drive são poderosíssimos e de algumas CPUs chegam a “quebrar” o game, como diz Neptune em algum momento. Cada ataque durante as lutas enche um pouco a barra. Mas atenção: ao sair de uma dungeon, a barra se esvazia, portanto, ela só é valida para a dungeon em que o jogador estiver.
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A trilha sonora é boa, com vários BGMs agradáveis, apesar de as músicas das dungeons serem extremamente repetitivas. A abertura, “Miracle Portable Mission”, cantada por “nao” dá um bom gás para iniciarmos nossa aventura por Gamindustri. Destaques também vão para os BGMs “Lastation Theme (Rebirth1 ver.), Dancing Girl, Field of View, $100, Lite Light e Noire’s Theme.
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O jogo conta com a dublagem original como opção. Uma dádiva dos ninjas aos fãs mais fervorosos dessa maravilhosa cultura e uma dica muito boa para aqueles que acabaram de chegar: a dublagem em japonês é sensacional. Aqui, contamos com um cast de respeito, com várias conhecidas da indústria: Tanaka Rie, como Neptune (Suigintou, de Rozen Maiden), Imai Asami, interpretando Noire (Makise Kurisu de Steins;Gate - há uma piada no game sobre este fato, assistente), Asumi Kana, no papel de Blanc (Nyaruko, de Haiyore! Nyaruko-san), Satou Rina, como Vert (Misaka Mikoto, da série To Aru) e Kana Ueda, como IF (Tohsaka Rin, da série Fate/). Há várias, mas elas ficam para outro game.
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Uma novidade é o Remake System. Aqui, podemos criar os chamados Plans para alterar algo no jogo. Plans são coletados no mapa, nas dungeons ou podem ser prêmios de quests. Exemplos de Plans são: EXP dobrado, Inimigos Mais Fracos, Inimigos Mais Fortes, 100% escape, dentre outros. Neste sistema, também podemos criar itens, roupas, acessórios, armas e até mesmo adicionar dungeons que não são liberadas de outra maneira. Também é possível alterar uma dungeon, adicionando inimigos (Add Enemies) ou trocar os itens que podem ser encontrados nela (Item Change). Entretanto, cada Plan consome memória do Remake System, e se o sistema ficar sem espaço, nenhum Plan pode ser criado.
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Os gráficos do game são OK: longe de serem ruins, mas também nada de explodir a cabeça. As personagens são muito bem feitas, tanto seu modelo 3D quanto 2D. Entretanto, um problema “crônico” da Compile Heart as vezes atrapalha um pouco: a variação de cenários e inimigos é baixíssima, então “mas essa dungeon é igual a aquela que acabei de passar” acontece com frequência. É o clássico “reuso de assets”, coisa que a CP manja bastante.
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Hyperdimension Neptunia Re;Birth1 não é para todos. Se você ama JRPGs, animes e cultura japonesa no geral não sei como não possui este jogo ainda, nem preciso dizer que é 100% recomendado (a não ser que você não suporte fan-service e um pouco de moe, aí não tem jeito mesmo). O sistema de combate diverte, as personagens são alegres e divertidas, Neptune é um arraso de protagonista. Entretanto, a dificuldade e a alta necessidade de grind do game podem afastar quem está querendo algo mais descompromissado e a baixa variação de inimigos e cenários podem enjoar fácil.
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Conclusão:
Gráficos: 8.0
Jogabilidade: 8.0
Som: 8.0
Minha opinião: 8.0
Total: 8.0
Pontos Positivos:
- História divertida, simples e engraçada
- Muitas personagens
- Neptune
- Humor oportuno
- Sistema de batalha
- Dublagem original inclusa
- Dificuldade boa, até que...
Pontos Negativos:
- ... você tenha que ficar grindando para passar de um chefe
- O fan-service e moe não vão agradar a todos
- Cenários e inimigos extremamente repetitivos
- Chega a enjoar as vezes
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